Aqui que ninguém nos ouve...
Quarta-feira, 1 de Fevereiro de 2006
Mais pobres...

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O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços do Minho vai ter que mudar de casa e, por isso, deixar as instalações que ocupava num edifício setecentista da Rua do Souto, nº 9, em Braga, há muitas dezenas de anos.

Tanto quanto se sabe, o interior desse prédio, bem como o dos contíguos, entre os quais se conta a conhecida Barbearia Matos, vai ser totalmente demolido, a fim de dar lugar a mais uma "moderna" superfície comercial que ligará a Rua do Souto ao Jardim de Santa Bárbara, dando coerente continuidade à "política fachadista" que a C. M. Braga pratica e sanciona.

Sucede que naquele prédio, para além do valor e representatividade artística do seu interior, se situa o conhecido BAR EGÍPCIO, projectado por José Faria Barbosa e pintado por Lúcio Fânzeres em 1937, de acordo com uma corrente que teve enorme sucesso em Portugal nos finais do século XIX e inícios do seguinte, que decorava as paredes dos cafés com motivos exóticos, em geral orientais, ou da arte do antigo Egipto dos faraós, como é o caso da sede do Sindicato.

Os bares orientais, ou chineses, existentes em Guimarães ou na Póvoa de Varzim, já desapareceram ingloriamente. Em Braga encontra-se a sua última sobrevivência que, perante o desinteresse, a ignorância ou a insensibilidade das entidades que deveriam saber preservar a memória dos lugares, também será reduzido a pó e escombros.

Para além do valor artístico e simbólico daqueles espaços, foi naquele bar que o Sindicato de Poesia, em 1996, realizou os seus primeiros recitais.

Durante alguns meses, às sextas-feiras ao fim da tarde, os operários da palavra poética, empenhados em intervir artística e culturalmente numa cidade pardacenta, divulgaram em sessões públicas muito concorridas alguns poetas portugueses e deram início a uma actividade de enorme qualidade que rapidamente marcou a agenda cultural bracarense, criando espectáculos de grande interesse e impacto que ultrapassaram as fronteiras locais.

O Sindicato da Poesia não podia ficar indiferente à morte anunciada do espaço que o viu nascer e por essa razão no próximo dia 31 de Janeiro, a partir das 22H00, naquele mesmo local, regressa ao seu projecto inicial, então intitulado Para fugir aos estudos.

Certamente pela última vez, no BAR EGÍPCIO, Antonio Durães, Ana Gabriela Macedo, Fernando Coelho, José Miguel Braga, Luís Barroso, Manuela Martinez, Marta Catarino e Sofia Saldanha darão voz à poesia de António Gancho, Florbela Espanca, Alexandre O´Neill, Jorge de Sena, Alberto Pimenta, Cesário Verde, Rui Belo e Ana Luísa Amaral.


Este recital conta com o apoio da Biblioteca Pública de Braga.

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Igualmente naquele local, no mesmo dia e pelas 21H30, a ASPA que, além de divulgar e defender a necessidade da salvaguarda dos prédios setecentistas da Rua do Souto, para os quais pediu a classificação sem ter recebido qualquer resposta das entidades competentes, associa-se aquela iniciativa promovendo as Conferência do Sindicato.

Inspirando-se nas Conferência do Casino de 1871, em cuja sessão inaugural Antero de Quental fez uma "apologia da razão humana e da revolução, no que esta ideia tinha de mais largo e mais elevado", com as Conferências do Sindicato, alguns membros da ASPA dirão da sua justiça perante mais este atentado contra o Património Cultural que em Braga se vai cometer.

Estão previstas curtas intervenções de Armando Malheiro da Silva, Miguel Bandeira, Eduardo Pires de Oliveira e Ademar Ferreira dos Santos.

Esta actividade conjunta do Sindicato da Poesia e da ASPA realizar-se-á na próxima terça-feira, dia 31 de Janeiro, a partir das 21H30, na sede do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Rua do Souto, nº 9, sendo naturalmente aberta à participação de todos os cidadãos interessados na preservação da memória cultural da sua cidade.</p>

ASPA

SINDICATO DA POESIA



* Como Bracarense de gêma... lá estive...



publicado por ANTRES às 00:04
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1 comentário:
De ruizocas a 1 de Fevereiro de 2006 às 00:23
Salvé Bracarense... é sempre bom encontrar alguém da nossa terra... e olha que não sou de Braga... vim para cá estudar e por cá fiquei. Perdi a terra que tinha mas ganhei uma boa madrasta


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